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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O ambiente está tenso

Caros leitores,

O final da tarde de ontem não correu bem.

O meu marido tem momentos em que é a pessoa mais maravilhosa do mundo e outros em que parece um demónio.
Acho que, por natureza, os homens são mais egoístas que as mulheres. E que têm menos sensibilidade para se aperceberem dos sentimentos dos que estão à sua volta.

Como dizia. Ontem foi feriado, pelo que ficámos na cama até mais tarde ( muito tarde).

A meio da tarde a minha filha mais nova ( a que sofre de doença de Borderline) acordou e começou imediatamente a perguntar se íamos sair, para saber se lhe valeria a pena vestir-se. Sim, porque ela só se veste se houver um motivo forte para isso.
O tempo estava chuvoso e frio e o meu marido começou a enrolar:  "que não iria sair apenas para sair...; que estava mau tempo... mas ...afinal sempre havia a hipótese de ir a uma loja buscar uma peça de roupa que estaria já pronta.

Combinado ! Vamos sair ! Demos uma expectativa à garota ! E ela foi tomar duche e vestir-se e ficou pronta e informou-nos de que já poderíamos sair !

E o pai disse - Vou já!   e passaram-se dez minutos sem ele ter desligado o computador.
Então fui eu e não precisei de falar porque insistiu com voz mais peremptória VOU JÁ.
E passaram-se mais minutos.... e a minha filha despiu-se e foi para a cama.

Há poucas coisas piores para um "Borderline" do que criar uma expectativa e não a cumprir de imediato ou não acordar um prazo para o seu cumprimento.

Achou, o pai, que a reacção da filha tinha sido chantagem, mimalhice, etc, etc, pois afinal de contas ele só queria ler uma coisa....Afinal também teve que esperar que ela se vestisse...mas, uma vez que já tinha decidido sair, pois que saíssemos !

Ainda tentei fazer-lhe entender que não, não é mimalhice nem chantagem, sem sucesso.

Claro que já não consegui que a minha filha se levantasse. Até porque ela ouviu os desabafos do pai.

Fiquei indecisa! Que deveria fazer? Ficar em casa em solidária com a garota, ou não criar mais animosidades e acompanhar o meu marido na saída?

Saí com ele!

Durante o percurso ainda voltamos a falar sobre o tema e disse-lhe que estava a ser egoísta, que não estava a compreender o problema da filha. Acabámos por trocar frases duras em tom suave !
O transito estava intenso.  Já não fomos onde íamos. Voltámos para casa. Ele para o computador, eu para a sala. A garota continuou no quarto.

Não jantámos juntos, porque às 9.30 da noite ele ainda não tinha fome.

Hoje o ambiente esteve tenso. A minha filha levantou-se para mais uma vez comparecer no tratamento diário no Hospital Psiquiátrico e voltou no final do dia para se meter na cama.

E eu penso: Melhores dias virão !

A minha filha mais velha ( o caso de sucesso, lembram-se? ) não deu conta de nada. Nem poderia. Está no estrangeiro a tirar uma pós-graduação.

Obrigado por me lerem.

Um abraço e até à próxima !

2 comentários:

  1. Querida Carla,

    Amei o modo como escreve, seus textos são bem sinceros, consegui sentir a tristeza e a angustia que vives! Este espaco vai lhe fazer muito bem...por para fora e dividir esses momentos é muito importante! Fico preocupada tambem com sua filha, ainda bem que aí o atendimento a doenças psiquiatricas parece ser bem melhor que os do Brasil, aqui a saúde é uma lástima....querida amiga conte comigo no âmago de sua solidão com seus sentimentos.

    Grande abraço!

    Andressa.

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  2. "Há poucas coisas piores para um "Borderline" do que criar uma expectativa e não a cumprir de imediato ou não acordar um prazo para o seu cumprimento."

    Tem TODA razão, Carla.
    Eu já tive brigas horríveis com meu marido por causa disso.
    Até então não sabia que eu tinha TPB.

    Enfim não cumprir com o prometido é algo que realmente me tira do sério. Agora sei controlar-me (quase sempre) mas ainda assim me irrita profundamente quando alguém não mantém sua palavra. Chego a sentir um ódio aterrador pela pessoa...

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