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sexta-feira, 2 de março de 2012

Portugal - País de amigos e de liberdades

Quando eu era menina e vivia em África, o mês de Março era sinónimo de férias.
As escolas fechavam. Todo o mundo ia para a praia. O tempo era muito quente e eu me sentia leve como um colibri, sempre cirandando daqui para ali ou parando aqui ou acolá.
Lembro de uma especial loja de sorvetes "O Baleizão" onde adorava ir.

Depois, sem entender bem porquê, em Abril os Portugueses decidiram ser ainda mais amigos dos Africanos e disseram que lhes deram a liberdade.
E eu tive que vir para Portugal por questões de segurança.
Foi no mês de Setembro de 1974 e eu lembro como se fosse ontem.

No meu pequeno mundo da altura nunca nos faltou liberdade. 
Brancos, mulatos, negros, albinos ou amarelos, todos na mesma sala de aula, todos nos mesmo recreio atirando pau aos "figos" e partindo janelas sem querer, e todos nas mesmas festas de criançada, juntos na praia e na rua.

Com esta nova amizade entre Portugueses e Africanos, eu perdi meus amigos.

Vim para a Europa - Portugal.

Aqui cresci e fui ficando cada vez mais europeia - "Não faça isso porque é feio; não vista dessa forma pois não é bonito; não fale desse jeito pois não é educado; não seja tão expansiva, mantenha mais sua compostura, etc. etc"

Em Portugal - Europa, somos um povo muito educado, mais ou menos sereno e com muitas liberdades.

Toda as figuras públicas acusadas de crimes, têm a liberdade de recorrer nas diversas instâncias judiciais, vezes sem conta, até ao crime prescrever ficando assim ilibadas de qualquer culpa.
Claro que os outros cidadãos também têm essa liberdade se forem ouvidos nas notícias da TV e se tiverem dinheiro para pagar os respectivos escritórios de advogados.

Povo descontente- Todos os trabalhadores têm direito a fazer greve - Acho Bem !

Faço apenas um reparo para alguns tipos de greve:

Transportes Públicos: Greve só nas horas de ponta? E eu que tenho que cumprir horário no meu trabalho? Onde está o meu direito ao transporte?
Nada a fazer: A greve é uma liberdade dos trabalhadores. 

Serviços de Saúde: Greve nas horas extraordinárias - Acho bem ! Devem ser remunerados se trabalham a mais, mas...

Há uns tempos me aconteceu ter uma coisa menor... apenas uma areia que entrou no meu olho no início da tarde. Com o passar do tempo o olho ficou irritado e muito dorido. Estava numa aldeia do interior (não vale a pena contar como andei nos Bombeiros,Farmácias, cafés, estações de combustível). Recordo que o tamanho de Portugal não é igual ao Brasil !
Porque estava apenas a 20 Km de Espanha fui até lá!
Sim.  Em situações de urgência também temos a liberdade de nos tratarmos noutro país.


E se eu tenho uma apendicite aguda ou enfarte do miocárdio ou trombose ou osso partido, fora de horas de expediente e não estou perto de Espanha?
Onde ficou o meu direito à saúde?


E já não vou falar quando são os aeroportos, os correios, os serviços de limpeza da cidade, enfim... tudo aquilo que a greve de alguns tem impacto na segurança ou cuidados primários de outros.

Quando era adolescente em casa me ensinaram que:  A minha liberdade termina no mesmo sítio onde começa a do meu próximo.


E uma vez que o mote o meu Blog é doença de Borderline, venho justificar que todo o texto acima serviu para eu conseguir introduzir o que realmente me afecta:

A filhota F saiu do Hospital Psiquiátrico onde foi acompanhada nos últimos 15 meses.

Aconselharam-nos o seu internamente numa Comunidade Terapêutica - Instituição Privada cujos honorários são mesmo muito -mas verdadeiramente muito- elevados.

Porque se trata de uma filha, a gente encontra o dinheiro necessário utilizando toda a capacidade imaginativa para obter apoios e também adiando algumas decisões financeiras.

Já está longe de mim há exactamente 1 semana. Estou a aprender a viver sem ser cuidadora. Não tenho agora de quem cuidar. Mas também não tenho notícias de quem entreguei para ser tratada.
Dizem que é mesmo assim. É necessário este "corte de cordão umbilical"....

Tenho saudades dos tempos em que diziam nós, os que viviam em África, não eram  livres
Eu sou branca, mas africana. E naquele tempo eu me sentia livre!

Hoje continuo branca, mas Europeia.

Não sei mais o que significa a palavra LIBERDADE

Tenho muitas saudades da minha infância. Hoje gostaria de me refugiar lá, se tal fosse possível.

Devolvam-me a minha liberdade irresponsável e inconsequente !

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Não sei para onde ir...

De José Régio - Cântico negro:






"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali..."


Pois eu, contrariamente ao poeta, acabo sempre por ir por ali, por onde me dizem os olhos doces que me estendem os braços, apesar de nos meus continuar e mostrar mais cansaços que ironias.


Que pateta!



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Hoje é mesmo Carnaval !

In Wikipédia..."Carnaval é uma festa que se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C.. Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Passou a ser uma comemoração adotada pela Igreja Católica em 590 d.C..[1] É um período de festas regidas pelo ano lunar no cristianismo da Idade Média. O período do carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou do latim "carne vale" dando origem ao termo "carnaval". Durante o período do carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes. "


Pois bem, 


Apesar da época de festejos, acho que meu coração não encontra a alegria da época.


Há pouco mais de um ano deixei a filhota mais velha voar para longe de mim. Está em Inglaterra e sei que vai bem.  Mas eu continuo sentindo sentindo que perdi um pedaço de mim. 


Agora tenho mais um deafio grande.


A filhota mais nova, que desde seus 12 anos  vem sendo acompanhada  por especialistas na área da psiquiatria, agora  (tem ela 24 anos) dizem que seus esforços se esgotaram,.
Depois de consultas privadas, sessões de psicoterapia, depois de um internamento em hospital psiquiátrico durante 1 anos e 4 meses...
Agora me dizem que nada mais podem fazer!


Eu sei que a F não é estúpida, não é desprovida de raciocínio. Acho mesmo que é invulgarmente inteligente.
Conheço poucas pessoas que estejam lendo 3 livros em simultâneo, sendo um deles em língua estrangeira. Pois ela faz isso consistentemente.


Ela só não consegue estruturar o seu dia-a-dia. Tem dificuldade em encontrar motivação para exercer tarefas comuns. Tudo tem que lhe ser agendado antecipadamente e ao minuto.... Não pode ter momentos livres, pois qualquwer pausa é motivo para ir para a cama dormir.


Acontece que esta sexta-feira foi seu último dia de tratamento no Hospital quem vem seguindo diariamente desde há mais de 15 meses.


Saiu do sistema público de saúde. 
Para o Estado ela está curada ou então não tem cura !


O Hospital escreveu um relatório clínico e uma declaração de que a F continua necessitando de cuidados em regime de internamento., mas desta vez em instituição privada


O que o País não pode fazer por ela, terei eu que conseguir.


Graças a Deus eu fui fazendo poupança durante toda a minha vida.


Se não tivesse esta poupança, não teria forma de acomodar a filhota na Comunidade Terapêutica que lhe foi aconselhada. Trata-se de uma Instituição particular e seu custo é muito, mesmo muito elevado,


Já fui visitar essa nova Unidade de Saúde particular por 2 vezes. Não tenho muito confiança no seu sucesso, mas não me sentia de bem comigo se não tivesse tentado tudo o que me foi indicado pelos tecnicos e terapeutas.


Vai entrar na Comunidade no dia 22 de Fevereiro.


Pois! 


Depois de deixar sair a Filhota C , mais velha em 2010 ; Agora em 2012 ficarei também sem a filhota F (pois me dizem que não terei visitas durante 2 meses),....


Não sei o que me resta... 
Só me falta entregar o cão no veterinário e o marido na rua.


- afinal o cão era o companheiro da filhota F.  e o marido servia "de vez em quando".


Como aceitar o facto de já não sermos mais o "pilar " da família?


porque uns foram bem sucedidos e outros não?


Onde fica a nossa culpa e responsabilidade?


Olhei 25 anos para trás e não sei se teria feito algo diferente,


É difícil crescer. 


É mesmo muito mais difíciel envelhercer.


Ainda bem que é Carnaval. 
Sempre posso usar uma máscara e rir muito dos outros, para mitigar minha dor.


Divirtam-se todos muito.


Amanhã será outro dia e véspera da preparação do Carnaval do próximo ano!

Mais pelo Minho: O centenário já lá vai…(2)

Não percebi porque no Carnaval estamos a falar da implantação da República.
A princípio parecia que os assuntos nada tinham a ver...mas, depois de pensar um pouco; Que mais pode ser parecido com a tomada do poder pelos Repúblicanos:
Eis um excerto da Wikipédia:
---"A subjugação do país aos interesses coloniais britânicos[1], os gastos da família real[2], o poder da igreja, a instabilidade política e social, o sistema de alternância de dois partidos no poder (os progressistas e os regeneradores), a ditadura de João Franco[3], a aparente incapacidade de acompanhar a evolução dos tempos e se adaptar à modernidade — tudo contribuiu para um inexorável processo de erosão da monarquia[4] portuguesa do qual os defensores da república, particularmente o Partido Republicano, souberam tirar o melhor proveito[5]. Por contraponto, o partido republicano apresentava-se como o único que tinha um programa capaz de devolver ao país o prestígio perdido e colocar Portugal na senda do progresso.[6]"...
...
Afinal, ao longo das décadas, o Carnaval continua tão atual como hoje
Texto em adoção do Novo Acordo Ortográfico (Apesar de não saber bem o que é-...!)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Neil Diamond - Hello Again (with lyrics)


Olá,

Faz tempo que não venho aqui.

Compreendo que não tenha seguidores e que não seja ouvida se não publico e se não comunico.

Faltam-me energia e vontade.

Agora estou com algum tempo disponível.
Fracturei o "prato" da tíbia e tenho uma fissura no menisco. Tudo por pisar o chão com demasiada força. Não cheguei a cair. Só o pé bateu no chão.

Isto aconteceu em 18 de Dezembro e só em 03 de Janeiro achei necessário consultar um médico. O diagnostico já foi acima revelado. Agora, a cura passa por manter a perna imóvel e sem qualquer pressão durante 20 dias no mínimo.

Isso me dá tempo para estar em casa e pensar em mim.

A filhota F tem vindo a regredir no tratamento. Já faz mais de 1 ano que está em regime de semi-internato no Hospital.

No Hospital dizem que estão pensando em a enviar para uma "comunidade". Sítio em que viverá conjuntamente com outros pacientes (não sei se com patologias idênticas ou diferentes), sem acesso ao Mundo que conhece e nada mais sei. Estou à espera de uma reunião com a directora dessas "comunidades" para mais detalhes.

Estou muito cansada e desiludida com tudo isto.

Afinal já convivo com a sua patologia há mais de 10 anos, andando de médico em médico. De tratamento em tratamento. Sempre criando novas esperanças que iludem uma melhoria e que acaba no mesmo sítio em que começou !

É muito tempo. Estou FARTA !

Acho que ela é capaz de tomar decisões, de racionalizar suas escolhas. Só não entendo como acaba sempre por nada escolher e nada fazer!

Tem 24 anos. Desistiu de toda sua vida útil. Desistiu de seus estudos e poucos hobbies que tinha para se dedicar de "corpo e alma" a este tratamento.
Mas até ao tratamento ela tem vindo a faltar.

Agora que eu estou em casa, ela deve pensar que estou disponível. Ela está faltando mais ao Hospital.
Mas eu não estou de férias !
Estou imobilizada e esperando que se não puderem cuidar de mim, pelo menos que não me façam cuidar dos outros.

Será que a sua doença é assim tão incapacitante que não dá para perceber que neste momento eu não posso ser a sua companhia ?

Se não me podem dar apoio na lida domestica diária, só quero que me deixem em paz !

Estou preocupada.
Vejo as finanças- nacionais e familiares-  cada vez pior.
Não consigo prever um bom futuro para nenhuma das minhas duas filhas. Nem mesmo a que está sendo bem sucedida em Inglaterra.

A Filhota C está tirando doutoramento com bolsa universitária no UK. O namorado vendeu tudo o que tinha para ir com ela e não está conseguindo emprego lá.

A filhota F não dá sinais de amadurecimento e continua vendo o mundo como um conto de fadas em que há os "maus" e os "bons".

Meu dinheiro não dura eternamente nem nasce do chão. Continuo apoiando financeiramente as duas. Mas não sei até quando... "A coisa aqui vai preta!"

Este foi o meu momento de desabafo com os meus amigos.

Boa noite.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Imogen Heap - Hide and Seek (With Lyrics)


Faz bastante tempo que não escrevo.
Esta não é a melhor hora para explicar os motivos.
A noite já vai longa e o cansaço já se faz sentir.

Conseguir, finalmente, um momento de exclusividade para mim. Estou sozinha na casa da Aldeia.


Não SUMI !!!

Apenas tenho estado ausente por motivos alheios à minha vontade.

As coisas, cá por estes lados, têm estado inalteradas:

A filhota F continua doente (e agora muito obesa...cerca de 100 Kg de peso - Aumentou cerca de 50 Kg em 1 ano); o marido continua concentrado nas suas fantasias (empresas que já não gere e motas que continua a comprar); A outra filha, a C, continua em Inglaterra, mas agora em Londres. Lembra-se da família que cá ficou quando necessita de dinheiro.

Nada de novo. Apenas ligeiras alterações no plano familiar, mas os assuntos de fundo mantêm-se actuais.

Ultimamente tenho tido menos tempo para mim. Os meus ossos e articulações vão acusando a idade e encontro-me a fazer tratamentos de fisioterapia ao final do dia de trabalho.

Isto implica que me levante às 07:00 da manhã para ir trabalhar e chegue a casa depois das 21:00 para arrumar a mesa e jantar, arrumar a cozinha, apoiar a filhota F, dar comida ao cão (e de vez em quando escová-lo), escolher a fatiota para o dia seguinte, e repousar 10 minutos na sala antes de me deitar na cama por volta das 24:00.

Espero encontrar algum reequilíbrio na minha agenda diária.

Até lá, fica aqui aqui este texto à laia de explicação.

Até breve,
Carla

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Coisas de Aldeia em Paredes de Coura - Parte II


Depois da hercúlea tarefa de ontem em encontrar no Concelho de Paredes de Coura quem me pudesse tirar um cisco do olho, (às desusadas e noctívagas horas de 20.00 da noite...) vou contar como é o dia seguinte:

Enfim, ontem lá consegui que me aliviassem da incómoda poeira que se instalou no meu olho esquerdo sem minha vontade ou autorização.

Seguindo o conselho que me foi dado, hoje fui (em hora de expediente) aos serviços de saúde locais.

Entrei por volta das 16:30 dizendo que apenas pretendia confirmar que o meu olho se encontrava em boas condições de higiene e saúde (apesar de meio fechado, inchado e ainda todo benfiquista, ou seja; muito vermelho!)

O funcionário fez a minha ficha de inscrição em Consulta Aberta e disse-me para aguardar.

Obediente, assim fiz.
Aguardei uma hora, duas horas...
vi entrar e sair gente que muito depois de mim tinha chegado.

Na minha pueril ignorância, admiti que deveriam estar a ser chamados casos mais urgentes e graves que o meu.

Aguardei 3 horas... e mais....

Pelas 19:45 perguntei qual era o critério de chamada para a desditosa consulta aberta.

Pois que era o de ordem de chegada, respondeu.

Retorqui que não poderia ser, uma vez que depois de mim, já muitos tinham entrado e saído...

Foi confirmar nas mais modernas tecnologias - Um PC a preto e branco com um software que já não vejo desde os anos 80....

Afinal deveria ter havido um lapso informático. O meu nome não aparecia na fila de trabalho do médico. Provavelmente ele apagou-o...(???) 


- Sabe, às vezes acontece !!! Mas não se preocupe, vou por novamente e ele deve estar a chamá-la.

Dito e feito. Quando carregou na tecla "enter" o médico chamou-me.

Eram 19:50.

Sim, tenho o olho inflamado. Nada que umas gotas receitadas e colocadas 3 vezes por dia não resolvam.

Ninguém me receitou nada para a frustração, raiva e fúria que me assola no meio de tanta incompetência !

Cada vez entendo menos porque as populações se insurgem quando Altas Autoridades decidem fechar um qualquer posto de saúde. Afinal quando abertos continuam a funcionar como se estivessem há muito encerrados.

Perdoem-me o lamento, mas não posso deixar de sentir empatia com as populações que vivem longe de centros urbanos, habituadas a poderem, a qualquer hora, recorrer a serviços clínicos mesmo que menores.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Coisas de Aldeia...



Perdoem-me a extensão da mensagem, mas não podia deixar de explicar devidamente:

Neste momento não estou nada a pensar.. estou mesmo a gritar bem alto :

Paredes de Coura é uma aldeia de Portugal esquecida pelo Grande Arquitecto, Criador, ou Outro que bem entendam !




Aconteceu-me aparecer um cisco no olho esquerdo no final da tarde do dia 02 de Outubro (Domingo).

Nada de mais. Apenas um cisco incomodativo, irritante e que me deixava o olho lacrimante, irritado e dorido. 

Fui ao Centro de Saúde às 20:03. Estava fechado, pois encerra às 20.00.

Entrei na farmácia de serviço, em frente ao cento de saúde, pedindo ajuda. Nada podiam fazer pois não lhes competia.

Parei numa gasolineira próxima e perguntei se não havia médicos, enfermeiros, curandeiros ou até mesmo feiticeiros que me tirassem o cisco do olho.

Não conheciam. Sabiam que os elementos do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) - (SIV), porque hoje era dia de jogo de futebol, deveriam estar num café da vila a ver o desafio.

Percorri a rua dos cafés (esta vila só tem uma rua c/ cafés) em busca de alguém vestido de INEM: Nada ! 

Entrei no único café ainda aberto e perguntei pelos do INEM. Não estavam lá. Não tinham visto. Mas a regra era que após o fecho do Centro de Saúde se telefonasse para o 112... (Nº de emergência Nacional....)

Para o 112????? POR CAUSA DE UM CISCO NO OLHO????

Sim. Essa é a rotina local.

Telefonei.

Da central do 112 só não riram na minha cara porque eu comecei logo por me justificar.

Como eu já presumia, não fazia parte das suas competências tratar de uma poeira no olho de alguém na vila de Paredes de Coura àquela hora da noite.

Fui aos Bombeiros locais. Eles deveriam poder ajudar.

Toquei a campainha. Surgiu um rapaz muito jovem que disse não ser da sua competência, mas iria tentar.... E assim foi, ele tentou e tentou ... com um guardanapo ... tentou retirar o maldito cisco do meu olho esquerdo. E após muitas tentativas e após ter chegado mais uma carrinha do INEM que estacionou no Parque dos Bombeiros, e também depois de se lhes ter explicado o que se passava, ninguém conseguia arranjar um remédio. Os Bombeiros não tinham soro fisiológico e os do INEM que lá estacionaram estavam a sair de serviço e não podiam assumir a responsabilidade ... (DE TIRAR UM CISCO DO OLHO !!!!)

Disseram que eu deveria ir a um Hospital Central ou voltar ao Centro de Saúde, pois a carrinha do SIV (seja lá o que isso for) deveria estar lá estacionada a partir das 20:30).

Voltei ao Centro de Saúde a conduzir apenas com o olho direito. Já não conseguir abrir o olho esquerdo.
Não estava lá nenhuma carrinha SIV.

Na gasolineira em frente aconselharam-me a esperar, pois já os tinham visto chegar e provavelmente teriam ido tomar um cafezinho.

Eu já estava desesperada. Não era nada de grave, mas era de facto muito doloroso e incomodativo.

Estava já decidida a ir a Espanha. Eram já quase 21.00 e não havia sinais de nenhuma carrinha SIV no Centro de Saúde de Paredes de Coura.

Entrei no carro para ir a Espanha tratar do meu pobre olho (as alternativas em Portugal eram muito mais distantes.., ou Ponte de Lima , ou Braga ou Viana).

Eis que chega a carrinha do INEM (SIV) ao Centro de Saúde.

Desliguei o motor do meu carrro, corri para a carrinha SIV a tempo de ver as técnicas (médicas? enfermeiras?) a fechar o veículo.

Expliquei o que me trazia ali. Fizeram-me entrar na ambulância e durante mais 20 minutos estiveram a tentar tirar o raio da poeira que me tinha entrado no olho.
No fim disseram que já tinha saído.

Ainda não sinto alívio, mas pode ser apenas irritação ocular de tanto mexericar..
Amanhã veremos.

Enfim, nas terras do interior, como Paredes de Coura, não se pode ter um mal menor.
Ou estamos às portas da morte e podemos chamar o 112, ou então há que aguentar...


SINAIS DOS TEMPOS ?....

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Todo o tempo do mundo....

Tenho todo o tempo do Mundo...

Música e voz de Rui Veloso (fantástico compositor português).

Estou novamente com uma semana de férias.

Vim para a casa da aldeia. Mais uma vez, sozinha.

Alguém teria que ficar com a filhota F.

Ficou o pai, pois ele não trabalha à seria e tem todo o tempo do mundo. Eu tenho apenas estes momentos de férias.

Já são 3:30 da madrugada e, para poupança de energia (por causa da crise económica), a iluminação pública foi apagada. Quase sentimos o silêncio da noite...

Lá fora está escuro que nem breu e eu sinto-me em paz. Mil estrelas brilham no céu.
Não está calor, mas a temperatura é amena e confortável para estar no jardim.

Tem uma igreja próxima que toca o sino de meia em meia hora. É tão campestre....

É nestes momentos que eu aprecio o MEU TEMPO. Preciso dele !

É aqui, nesta serenidade, que eu consigo deixar de pensar constantemente nas minhas filhas, no emprego, no marido, nas tarefas...

Aqui, eu sinto que tenho todo o tempo do mundo....para mim !




domingo, 11 de setembro de 2011

Velhas amigas

Oi para o Mundo !


Passei o fim de semana na casa da aldeia com uma velha amiga (mais nova que eu), mas que já há mais de 2 anos que não via.

Ela vive em Lisboa e eu no Porto. Trabalhamos na mesma empresa. Não sei como foi possível estarmos tanto tempo ausentes, continuando a manter o sentimento de cumplicidade que nos uniu há mais de 15 anos atrás.

A minha amiga quase não reconheceu a filhota F depois de ter crescido 40 Kg por todo o corpo.

Foi bom!
Ela tinha a visão de quem está de fora na relação com a filhota F e não se deixou impressionar por sua depressão e angustia.

Deu-lhe conselhos que se saíssem da minha boca não seriam aceites da mesma forma.

Notei que a filhota esteve mais activa neste fim de semana que o seu normal. Ainda não sei se foi por cortesia com a convidada, ou se realmente estava com mais energia.

Ela está assustada. Já lhe foi dito que estão a pensar deixá-la sair do hospital no final do ano.

Amanhã vamos todos reunir com seus terapeutas. Vai ser a primeira reunião depois de quase um ano de tratamento.

Não sei o que esperar. Nunca quiseram nem aceitaram falar com os pais por ela ser adulta.  Agora nos convocam para reunir...

Não vale a pena estar a especular. É esperar pelo momento e ver o que vai acontecer.

Estou a pensar mandar a filhota F passar uns dias em casa da minha amiga de Lisboa. Ela tem 2 filhotes gémeos de 9 anos.

Pode ser que seja bom para ela sair da sua área de conforto. Veremos no que resulta a reunião com os médicos.

A outra filha - a C - está em Londres desesperada porque não encontra casa dentro do seu orçamento. Não quer continuar dependendo dos pais, mas a vida lá é muito cara para a sua bolsa.

Também aqui vou esperar para ver no que dá. Claro que se for necessário, terei que enviar ajuda financeira. Não quero que ela viva na pobreza ou prejudique seu percurso académico, apenas porque quer iniciar uma vida independente.

Também eu, em jovem, tive ajuda de familiares para iniciar minha vida de adulta. E isso não fez de mim menos autónoma. Apenas ajudou a começar meu percurso até à completa autonomia.

Creio que ser mãe em Portugal é muito diferente de outros países do Mundo.

Vejo em documentários os filhos de Americanos, Finlandeses, Holandeses e outros países de cultura mais pragmática, serem quase que chutados fora de portas no início da universidade.
Essa é a idade em que eles saem de casa e ficam por sua conta e risco. Para os pais isso é normal.

Não nesta minha terra. Aqui o que é normal é cuidar dos mais novos enquanto eles necessitam e quando somos velhos eles deveriam cuidar de nós.

Não sei se é melhor ou pior, mas sinto que este cantinho do mundo também se está a modificar.

Enfim, somos um povo do "FADO". Parece que nunca nada está bem.






segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mais um dia "acidentado .."

Caros amigos,


Havia anos que eu não tinha um acidente de viação.
Nada de mais. Apenas um raspão num carro ESTACIONADO !!!

Que mal !

Já dirijo há mais de 30 anos e nunca embati em alguém parado !

Tenho como desculpa que se tratava de uma viela muito estreita e que eu conduzo um carro muito grande. Para ser mais específica, se trata de um todo-o-terreno ( 4 rodas motrizes) de 7 lugares e que pesa cerca de 2.700 Kg.

Mas isso não é novidade. Já o uso desde 1999. ( Velhinho...)

Creio que foi meu excesso de confiança que me fez não prestar a devida atenção.

Agora quase que me sinto envergonhada pelo meu feito. Além da despesa, claro.

Não houve feridos. Apenas espantados( EU !!!!)

Me sinto estranha por ter tido um acidente que podia perfeitamente ter evitado!

Não estou habituada a ter acidentes. E menos ainda por minha responsabilidade.

Hoje, depois do facto, me senti insegura ao dirigir. Estava sempre avaliando o espaço que me rodeava.

Amanhã vou à seguradora, com a condutora do outro carro, participar o acidente.

(Esta me pareceu ser uma boa seguradora...eh, eh, eh)

Ela aparenta ser uma mulher tão frágil e desconhecedora destes acontecimentos. Confiou plenamente em mim. Não me pediu qualquer documento, nem tirou quaisquer notas. Apenas anotou o número do meu celular que lhe forneci.

Não sei por quem deva torcer mais: Se por ela ou por mim.


Nota: A filhota F está cada vez pior. Disseram-lhe que irá sair do hospital no final do ano. Ela está com medo. Eu também. Vamos reunir com seus médicos na próxima segunda-feira, dia 12. receio o que tenham para me dizer ou perguntar.
Estou mesmo muito cansada desta tarefa!
Todos os dias ela está deprimida e eu tento fazer de palhaço para animar. Vou buscar ânimo ao fundo das minhas entranhas.

Continuo sentindo falta do toque de um amigo verdadeiro. De falar em viva voz. De ouvir com meus ouvidos...

Veremos o que o futuro nos reserva.

One day at a time....

Abraços,
Carla

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Problemas de comunicação

A comunicação é uma coisa estranha...

Vejamos, por exemplo, um rádio:

Existe o emissor - a estação de rádio
O transmissor - as ondas hertz que navegam no ar
O receptor - o ouvinte.

Por vezes parece que nosso rádio está sem sintonia.
Então tentamos localizar melhor a estação para ter melhor sintonia no som.
Ou então, não gostando da emissão des-sintonizada, desligamos daquela emissora e procuramos outra.

Na comunicação escrita acontece a mesma coisa.

Existe um emissor que pretende transmitir uma mensagem (o que ele de facto pensa estar a dizer)...
e
Um receptor que lê a mensagem e a interpreta de acordo com seu critério ( o que ele pretende receber)

Entre este emissor e receptor existe o tal transmissor que é:

A INTENÇÃO !

O que um pensa estar a transmitir e o que outro pensa estar a receber. 
Essa intenção pode ficar des-sintonizada.

Este problema está na origem das maiores controvérsias do Universo.

No mundo dos Blogs o problema é mais pequeno, não deverá originar qualquer guerra, mas pode acontecer haver desentendimentos.

O que eu quis transmitir no meu post anterior foi que eu me sentia comunicando com um mundo de não tangíveis, e por isso estava comunicando para o vazio.

Também mencionei uns quantos, (poucos) que se interessavam pelos meus temas.

Apresento as minhas desculpas a quem se sentiu ofendido. Não era essa a minha intenção.

Apenas quis dizer que escrever num Blog não é mais que escrever num diário. A solidão continua apesar dos comentários amigos.

Continua faltando o abraço, o toque, a sensação de que estamos fisicamente acompanhados.

Isso não é possível neste mundo virtual.

Bem sei que tenho verdadeiros amigos; mas esses continuam me dando ânimo e/ou  encontram outras vias de comunicação mais próximas, mesmo que estejam distantes.

Nada do que foi anteriormente escrito se dirigia a quem me entende. Apenas traduzi por palavras mais um lamento de insegurança e desconforto.

Não sei o que fazer, para onde me virar, e necessito muito de ter um mapa com o caminho para o meu destino.

Sempre ouvi dizer que o futuro é o que nós fazemos dele. Pois eu não sei fazer o meu futuro !

Navego ao sabor do vento.

E se fosse navegante com ventos fortes contra a maré...

Como combater essas tempestades?  Como orientar minhas velas e leme?

Abraços fortes desta sempre atenta e amiga,

Carla

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Que fútil é escrever um Blog !



Tenho vindo aqui cada vez menos.

Que interesse tem estar a escrever "para o Mundo" se esse Mundo não quer saber senão de si próprio.

Cada um está centrado nos seus próprios problemas. Ou cada um está divulgando a faceta com que gostaria de ser reconhecido.

Que adianta estar escrevendo para o ar ?

Toda a gente tem alegrias e tristezas. Cada um consegue avaliar apenas os seus próprios sentimentos.

Empatia?
Solidariedade?
Identificação?

Uns quantos (poucos) se interessam e vão perguntando.
Os outros (muitos) passam e olham para o outro lado.

Afinal que estou fazendo aqui?

Para ser sincera... acho que estou apenas escrevendo para mim.
Estou fingindo que partilho alguma coisa.
Ninguém quer partilhar desventuras nem infortúnios.

Eu até entendo!

Para quem quiser saber:

- A filhota F (mais nova) continua mal e ultimamente tem estado pior. Não sei o que vai na sua cabeça. Bem que eu tento e me esforço, mas não sinto o que ela sente.

- A filhota C (a mais velha) está de férias em Portugal e soube há dias que ela foi a melhor nota do mestrado na Universidade de Leicester. Vai agora para Londres fazer doutoramento a convite da Universidade local.

Lido com duas filhas tão diferentes ... e ambas tão amadas !

Não me importa o seu sucesso ou insucesso. São as minhas meninas e encontro enormes qualidades em cada uma.

Ainda bem!
Existe gente que já não pode ter nada disto!
Existe gente que perdeu seus filhos, ou entes queridos e que não já pode partilhar da sua existência.

Alguém ficou melhor ou pior depois de eu ter publicado isto?

Bem sei que é fútil escrever um Blog, mas... que posso eu dizer?
Apenas continuo escrevendo.

Bem hajam!

Carla



sábado, 20 de agosto de 2011

Long time no see...

Caros amigos,

Já há muito tempo que não venho aqui,

Aliás, já há muito tempo que não ligo o meu PC, não leio os meus e-mails, não me ligo ao mundo.

E até agora parece-me bem.

Já tinha escrito um texto muito bonito, quando o editor de mensagens resolveu "pifar".

Agora já não tenho mais paciência para repetir tudo o que tinha em mente.

Resumindo:

Tenho uma amiga que também é minha Directora no trabalho que tinha problemas em se relacionar com seu filho de 23 anos.

Este menino faleceu no dia 3 de Agosto.

Tudo era normal com o pai, irmão e amigos. Menos com a mãe.

Ela tentou de tudo: terapia, igreja, amigos, enfim; o que ela encontrou como possível solução.

A família lhe dizia para se manter afastada do filho, mas ela não conseguia nem perceber o motivo de tanta animosidade do menino.

Um dia, eu, com minha mania de que sou a salvadora do Mundo, disse-lhe para declarar seu amor maternal ao filhote. Tudo quanto ele precisava era de muito amor.

MAL ! Foi muito mal!

O menino se afastou ainda mais! Odiava sua mãe e ela nem sabia porquê !

Na semana anterior à sua morte, o filhote acusou a mãe de coisas que ela não tinha feito.

A mãe, experiente, se calou no momento. À noite, pediu para falar com ele e lhe disse :

"... meu filho, se me queres fora da tua vida, assim será! Preocupar-me vou sempre, pois és meu filho. No entanto a tua vida já não me interessa. Para mim não contas ! ..."

Na semana seguinte o menino foi encontrado no rio, caído de uma ponte c/ um vão de 240 metros.

A mãe continua achando que seu filho foi "empurrado". Todos os restantes familiares e amigos acreditamos que o rapaz se suicidou.

Fico apenas muito impressionada com a pergunta que ela me fez quando cheguei em sua casa no dia do falecimento do filhote;

- " Eu não tive culpa, pois não?!

A pergunta era apenas retórica.

Aquela mãe vai perguntar toda a vida o que fez de errado com aquele filho, piorando a dúvida com a última conversa havida entre os dois !

É isso que vai ficar na memória daquela mãe que eu sei que tanto lutou para se entender com o filhote mais novo.

Por isso, hoje aqui estou a partilhar com o mundo uma dor que não é verdadeiramente minha, mas que eu sinto como se fosse !

Tenho muita pena daquela mãe.  Queria saber dar-lhe algum conforto. Mas não sei. E sinto-me mal por isso.
Pudesse eu tomar para mim parte daquele sofrimento apenas para amenizar a sua angústia...

Não sou crente em nenhum Deus, mas estou pedindo a todas as divindades que eu conheço para que lhe dêem conforto.

Até mais,
Carla








quinta-feira, 7 de julho de 2011

Um violinista no Telhado (Fiddler on the roof)


Quem viu este filme de 1971 ?

A acção passa-se na Rússia Czarista do início do século XX.
As comunidades Judaicas e Cristãs Ortodoxas não se misturavam...
Os problemas começaram quando as filhas do personagem principal (judeu) - Tevye - não aceitaram casar com os homens arranjados por seu pai.

É um filme que tem a ver com tolerância, aceitação, dificuldades e por fim exílio.

Muito bonito.

Ainda hoje acredito que nos podemos identificar com esta história em muitas situações.

Recordo muitas vezes este filme quando vejo o caminho da minha filha mais velha...
Já não tenho o controlo e isso me deixa feliz e infeliz ao mesmo tempo.

A mais nova, enfim... veremos o que o futuro lhe guarda.
Neste momento, parece não ter nada reservado.
Continua mal, sob pesada medicação - o que me preocupa.
Parece estar constantemente sob o efeito de drogas que a impedem de falar normalmente. Tem o discurso arrastado, olhos semi-cerrados, reacções lentas e gestos vagarosos. DROGADA !

Não gosto de a ver assim, mas os médicos dizem que nesta fase é necessário e ela concorda.

Estou longe dela. Estou na Aldeia e ela na Cidade.

Falamos diariamente, e continuo sentindo aquela distância...

As minhas férias vão acabar já no próximo fim de semana.

Não sei se fique triste ou contente.

Fico insatisfeita por saber que vou recomeçar a rotina diária de trabalho e, acima de tudo, de cuidar da filhota, de a animar, de lhe dar força, de lhe dar carinho e apoio a cada 5 minutos...

Fico feliz por lhe poder providenciar tudo o que acima disse que me dava preocupação.

Mas que misto de sentimentos é este ? Não entendo !

Por um lado quero estar longe, não ver, não pensar, não ter que cuidar...

e por outro lado,

Não vejo o momento de lhe poder prestar todos esses mimos que ela necessita.

Como eu queria ter a força de carácter do personagem Tevye.

(A música também é bonita...)

Beijos,
Carla

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ainda a propósito de Beethoven....

Estas frases que transcrevo são da autoria de Ludwig van Beethoven . Tão actuais como antes:


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Ó homens que me tendes em conta de rancoroso, insociável e misantropo, como vos enganais. Não conheceis as secretas razões que me forçam a parecer deste modo. Meu coração e meu ânimo sentiam-se desde a infância inclinados para o terno sentimento de carinho e sempre estive disposto a realizar generosas acções; porém considerai que, de seis anos a esta parte, vivo sujeito a triste enfermidade, agravada pela ignorância dos médicos.

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Devo viver como um exilado. Se me acerco de um grupo, sinto-me preso de uma pungente angústia, pelo receio que descubram meu triste estado. E assim vivi este meio ano em que passei no campo. Mas que humilhação quando ao meu lado alguém percebia o som longínquo de uma flauta e eu nada ouvia! Ou escutava o canto de um pastor e eu nada escutava! Esses incidentes levaram-me quase ao desespero e pouco faltou para que, por minhas próprias mãos, eu pusesse fim à minha existência. Só a arte me amparou!

Tão actual ! 
A dor sempre existiu indiferente do tempo e do motivo.

Porque nos continua a custar tanto suportá-la?
Já deveríamos estar acostumados, mas parece sempre ser nova e diferente!

É nestes mestres da VIDA que eu encontro inspiração.

Boa Noite,
Carla





hoje sinto vontade de ouvir música


Não vim aqui dizer nada !

Estou há horas ouvindo música que me traz emoções diversas.

Pena que não possa deixar toda a lista que ouvi... mas deixo esta versão de "Sonata ao Luar" de Ludwig van Beethoven, por Marcus Miller.

Espero que gostem.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Tiraram-me as palavras da boca



Uma música com quase 34 anos. Foi lançada em Outubro de 1977.

Uma das minhas favoritas pelo seu poema.

Esta é uma das formas de esquecer - ou tentar esquecer - que a filhota continua mal !

Acho que ela sente muito a minha falta. 

Esteve nos últimos dias com o Pai na casa da cidade. Este fim de semana vieram ter comigo à Aldeia.

Telefono-lhe todos os dias, mas mesmo assim acho que ela exige a minha presença. 

Contou-me, com frieza,  que na passada quinta-feira voltou a cortar-se.

Porque?

Porque durante o almoço com o Pai falaram da sua preocupação com o seu corpo.

Ela engordou mais de 30 Kg em pouco tempo e não se conforma com o novo corpo que carrega. Mas no Hospital dizem que isso é secundário. Há que tratar primeiro o que a faz sentir vontade de comer todos os doces do mundo.

Pois, como ela se tem queixado da sua imagem, durante o almoço o pai abordou o assunto e, segundo ele, a conversa correu cordialmente, sem sobressaltos, tudo na boa.

Segundo ela: Sentiu-se envergonhada por estar a ser confrontada com sua impulsividade por comida. Não vai mais conseguir comer "coisas" na frente do Pai. Sente-se ainda pior quando come, pois toda a gente sabe que ela é gorda !

Mais ainda mamãe: sabe o que fiz no fim da conversa? sabe?
Fui-me cortar !

Achei cruel ela ter-me contado com toda a frieza que se cortou por causa de uma conversa (que até acho que foi bem intencionada por parte do Pai).

Eu sei que ela sofre de TPB, mas também sei que ela vai fazer 24 anos !

Durante mais de 11 anos estive sempre do seu lado tentando compreender o que lhe causava tanta angústia. Sempre defendi seus comportamentos perante familiares e estranhos. Sempre abdiquei de mim para me poder oferecer a ela.

Lembro que cheguei a estar fora do meu emprego durante mais de 1 ano seguido, apenas para poder estar próximo dela e levá-la a passear. Passeios de carro que duravam um dia inteiro. Ela chorava e eu conduzia. E enquanto conduzia ia contanto todas as histórias da minha vida, da vida dos avós, de todos os familiares, umas inventadas, outras verdadeiras, apenas para não estar calada e encher o espaço com sons, para que ela estivesse ocupada com alguma coisa, nem que fosse ouvindo...

Esses tempo negros em que ela escrevia seu diário e pintava quadros sombrios com o  seu próprio sangue já não se verificam. Mas de vez em quando, lá vem a ameaça:

" Tu tem lá cuidado... não me abandones, senão volto a fazer asneiras..."

Nunca me disse isto com estas palavras, mas é assim que eu sinto muitas das suas afirmações.  
E então lembro das inúmeras vezes em que foi de urgência para o Hospital por ter tomado doses excessivas de comprimidos.

Egoísta, egocêntrica, exigente, dependente, infeliz, desamparada, carente...

Necessito mesmo destes dias de férias sem ela ao meu lado! 

Quero afastar os meus pensamentos dela! Quero ter, pelo menos, uma semana em que sou dona da minha vida sem preocupações.

Mas isso não existe, pois não?

Mãe é mãe. Ponto Final !

Então eu vou tentando superar todas essas angústias com músicas da minha geração.

"On a hot summer night.
Would you offer your throat to the wolf with the red roses?
Will he offer me his mouth?
Yes
Will he offer me his teeth?
Yes
Wlll he offer me his jaws?
Yes
Will he offer me his hunger?
Yes
Again. Will he offer me his hunger?
Yes
And will he starve without me?
Yes
And does he love me?
Yes"

Poema lindíssimo.

Esta semana estarei na Aldeia - SOZINHA (com o cão e os meus pensamentos) !

Beijos,
Carla










sexta-feira, 1 de julho de 2011

Contente e triste

 

Estou de férias.

Estou sozinha na casa da Aldeia. O tempo está quente. Convida a deitar à beira da piscina e deixar o tempo correr lentamente.

Não há filhota sempre a exigir todo o tipo de atenção; para o bom e para o mau.

Não há marido sempre hiper activo e sempre a rabujar

Não horário para nada. 

Tenho Paz. Estou bem !

Quase sempre bem...

Tenho uma amiga em sofrimento.  A ela dedico a música acima.

Somos apenas passageiros. Vamos aproveitar esta viagem !

Beijos,
Carla

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Seguir e/ou ser seguido no seu blog

São 02:20 da manhã numa aldeia recôndita desta cantinho pequenino que é Portugal.

Abri meu e-mail e vi que havia gente sugerindo notícias, pedindo amizade, dizendo que me seguia, etc....

Senti que esta aldeia estava no centro do mundo, mas... eu não !

Não é a primeira, nem a enésima vez que sou virtualmente abordada por completos desconhecidos.

Provavelmente gente tão solitária quanto eu, que necessita de encontrar reconhecimento, conforto e recompensa neste ambiente virtual.

Não me importo que digam que querem ser meus amigos ou que digam que estão me seguindo. O que me espanta é que quando tento conhecer melhor o perfil destes supostos amigos, reparo que seus gostos nada têm a ver com os meus; seus temas são completamente diferentes dos meus, seus objectivos são diametralmente opostos aos meus.

Fico com a impressão que estão entrando numa batalha para ver quem tem mais "amigos" ou mais "seguidores" ou é "mais votado", não importa porquê nem por quem!

Os valores morais que me ensinaram e que tento manter, hoje em dia deram lugar à necessidade de notoriedade, de popularidade e outras coisas sem significado.

Nunca fui muito habilidosa com estas coisas dos computadores e da navegação.

Iniciei um blog apenas por necessidade de descrever o meu dia-a-dia para quem me entendesse.

É verdade que fui aconselhada a aderir a uma coisa (não sei bem o que é) chamada Dihitt. Disseram que tornaria meu bog mais acessível às pessoas.

Aderi.

De início foi bom. Encontrei gente que se interessava pelo que eu escrevia. Encontrei também gente que me ajudou a caminhar neste espaço virtual.

Hoje eu recebo "toneladas" de e-mails indicando notícias e ou pedidos de amizade que nada têm a ver com o meu tema.

Que se passa com esta gente?

Não lêem o que escrevo?
Conhecem meu perfil ?
Acaso visitaram meu blog?

Me parece que não. Meu nome apareceu entre tantos outros que circulam na web e então nada melhor que angariar um novo fã !

Em 2007 um rastreador identificou a existência de mais de 112 milhões de blogs. Não consigo imaginar quantos serão hoje.

No meio desta profusão de gente gritando em surdina, como é possível escolher o que nos identifica?

Assim vamos continuando a pedir amizades e a seguir sítios de gente que nada se parece connosco, mas quanto maior o número de seguidores, maior a popularidade , sinal de maior sucesso!

NÃO ENTRO NESSA !

Quero continuar a ser selectiva e gostaria que me seguisse apenas quem tiver algo a me ensinar ou valor a acrescentar. Mas este mundo virtual é assim...

A partir do momento em que entramos nele, não temos mais o controlo. Tudo se passa com rapidez e sem fronteiras.

Que saudades tenho do meu velho diário de adolescente....

quinta-feira, 23 de junho de 2011

hoje nada disse

Hoje cheguei aqui e dispensei muito tempo visualizando os blogs que estou seguindo.

Teci alguns comentários naqueles que me despertaram atenção.

Porém, hoje, nada encontro de interessante para partilhar.

Não que minha vida tenha sido vazia, mas, provavelmente porque foi demasiado cheia, ainda não consegui processar todas as emoções.

Adianto apenas que a filhota F piorou seu estado.
A filhota C está confusa quanto ao seu destino próximo na cidade de Londres.
O maridão está preocupado com suas empresas e
Eu... comecei minhas férias hoje !

Talvez dentro de dias já consiga dizer algo de jeito.

Hoje não !

Vou tentar relaxar e sentir que estou realmente de férias !

Beijos,

Carla

terça-feira, 14 de junho de 2011

The annoying duck


Hoje apetece-me ser sarcástica, meio mal comportada, inconveniente !

Não posso ser totalmente mal comportada pois não consigo esquecer e/ou desobedecer  muitas das regras que recebi na infância.

Ainda bem ! Meus pais me educaram bem !

Se assim não fosse, neste momento estaria postando qualquer coisa muita mais reprovável.

Este é um pouco do meu lado de humor britânico: sarcástico, maquiavélico, negro. Mas sempre com humor...!

Pobre vendedor de sumo!  Não há maneira de satisfazer seus clientes. Há sempre alguém descontente.

Em Portugal costumamos dizer: " Nem Cristo que era filho de Deus conseguiu agradar a todos, como você pretende fazê-lo?".

Achei bonito o vídeo da canção do pato. Ingénuo na música e desconcertante no texto.
Tal como o  RHI - (Real Humor Inglês) !
Abraços,

segunda-feira, 13 de junho de 2011

The valley of unrest

http://music.ovi.com/pt/r/Product/r/r/5522091

Lamento, mas não encontrei nenhum vídeo com este poema de Edgar Allen Poe, música de Lou Reed e dito por Rowena.  Pertence ao seu álbum RAVEN.
Encontrei, isso sim, o mesmo poema dito por outros, mas a versão que referi, na minha opinião, é a melhor...

Se alguém encontrar um vídeo desta música, agradeço muito a informação. Abaixo segue apenas a letra. O link acima dá direito apenas a alguns segundos de audição.
Lamento imenso,  mesmo.

Far away far away
Are not all lovely things far away
As far at least lies that valley
as the bedridden sun in the luminous east
The paralyzed mountains, the sickly river
Are not all things lovely far away
Are not all things lovely far away

It is a valley where time is not interrupted
Where its history shall not be interpreted
Stories of satan's dart of angel wings
Unhappy things
Within the valley of unrest

The sun ray dripped all red
The dell was silent
All the people having gone to war
Leaving no interrogator to mind
the willful looting the pale past knowledge
The sly mysterious stars
The unguarded flowers leaning
The tulips overhead paler
The terror stricken sky
Rolling like a waterfall
over the horizon's fiery wall
A visage full of meaning

How the unhappy shall confess
As Roderick watches like a human eye
While violets and lilies wave
Like banners in the sky
Hovering over and above a grave
As dew drops on the freshly planted eternal dew
Coming down in gems
There's no use to pretend
Though gorgeous clouds fly
Roderick, like the human eye has closed forever
Far away far away

Roderick, whatever thy image may be
Roderick, no magic shall sever the music from thee
Thou hast bound many eyes in a dreamy sleep
Oh tortured day
The strains still arrive
I hear the bells
I have kept my vigilance
Rain dancing in the rhythm of a shower
Over what guilty spirit to not hear the beating
To not hear the beating heart
But only tears of perfect moan
Only tears of perfect moan