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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Coisas de Aldeia em Paredes de Coura - Parte II


Depois da hercúlea tarefa de ontem em encontrar no Concelho de Paredes de Coura quem me pudesse tirar um cisco do olho, (às desusadas e noctívagas horas de 20.00 da noite...) vou contar como é o dia seguinte:

Enfim, ontem lá consegui que me aliviassem da incómoda poeira que se instalou no meu olho esquerdo sem minha vontade ou autorização.

Seguindo o conselho que me foi dado, hoje fui (em hora de expediente) aos serviços de saúde locais.

Entrei por volta das 16:30 dizendo que apenas pretendia confirmar que o meu olho se encontrava em boas condições de higiene e saúde (apesar de meio fechado, inchado e ainda todo benfiquista, ou seja; muito vermelho!)

O funcionário fez a minha ficha de inscrição em Consulta Aberta e disse-me para aguardar.

Obediente, assim fiz.
Aguardei uma hora, duas horas...
vi entrar e sair gente que muito depois de mim tinha chegado.

Na minha pueril ignorância, admiti que deveriam estar a ser chamados casos mais urgentes e graves que o meu.

Aguardei 3 horas... e mais....

Pelas 19:45 perguntei qual era o critério de chamada para a desditosa consulta aberta.

Pois que era o de ordem de chegada, respondeu.

Retorqui que não poderia ser, uma vez que depois de mim, já muitos tinham entrado e saído...

Foi confirmar nas mais modernas tecnologias - Um PC a preto e branco com um software que já não vejo desde os anos 80....

Afinal deveria ter havido um lapso informático. O meu nome não aparecia na fila de trabalho do médico. Provavelmente ele apagou-o...(???) 


- Sabe, às vezes acontece !!! Mas não se preocupe, vou por novamente e ele deve estar a chamá-la.

Dito e feito. Quando carregou na tecla "enter" o médico chamou-me.

Eram 19:50.

Sim, tenho o olho inflamado. Nada que umas gotas receitadas e colocadas 3 vezes por dia não resolvam.

Ninguém me receitou nada para a frustração, raiva e fúria que me assola no meio de tanta incompetência !

Cada vez entendo menos porque as populações se insurgem quando Altas Autoridades decidem fechar um qualquer posto de saúde. Afinal quando abertos continuam a funcionar como se estivessem há muito encerrados.

Perdoem-me o lamento, mas não posso deixar de sentir empatia com as populações que vivem longe de centros urbanos, habituadas a poderem, a qualquer hora, recorrer a serviços clínicos mesmo que menores.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Coisas de Aldeia...



Perdoem-me a extensão da mensagem, mas não podia deixar de explicar devidamente:

Neste momento não estou nada a pensar.. estou mesmo a gritar bem alto :

Paredes de Coura é uma aldeia de Portugal esquecida pelo Grande Arquitecto, Criador, ou Outro que bem entendam !




Aconteceu-me aparecer um cisco no olho esquerdo no final da tarde do dia 02 de Outubro (Domingo).

Nada de mais. Apenas um cisco incomodativo, irritante e que me deixava o olho lacrimante, irritado e dorido. 

Fui ao Centro de Saúde às 20:03. Estava fechado, pois encerra às 20.00.

Entrei na farmácia de serviço, em frente ao cento de saúde, pedindo ajuda. Nada podiam fazer pois não lhes competia.

Parei numa gasolineira próxima e perguntei se não havia médicos, enfermeiros, curandeiros ou até mesmo feiticeiros que me tirassem o cisco do olho.

Não conheciam. Sabiam que os elementos do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) - (SIV), porque hoje era dia de jogo de futebol, deveriam estar num café da vila a ver o desafio.

Percorri a rua dos cafés (esta vila só tem uma rua c/ cafés) em busca de alguém vestido de INEM: Nada ! 

Entrei no único café ainda aberto e perguntei pelos do INEM. Não estavam lá. Não tinham visto. Mas a regra era que após o fecho do Centro de Saúde se telefonasse para o 112... (Nº de emergência Nacional....)

Para o 112????? POR CAUSA DE UM CISCO NO OLHO????

Sim. Essa é a rotina local.

Telefonei.

Da central do 112 só não riram na minha cara porque eu comecei logo por me justificar.

Como eu já presumia, não fazia parte das suas competências tratar de uma poeira no olho de alguém na vila de Paredes de Coura àquela hora da noite.

Fui aos Bombeiros locais. Eles deveriam poder ajudar.

Toquei a campainha. Surgiu um rapaz muito jovem que disse não ser da sua competência, mas iria tentar.... E assim foi, ele tentou e tentou ... com um guardanapo ... tentou retirar o maldito cisco do meu olho esquerdo. E após muitas tentativas e após ter chegado mais uma carrinha do INEM que estacionou no Parque dos Bombeiros, e também depois de se lhes ter explicado o que se passava, ninguém conseguia arranjar um remédio. Os Bombeiros não tinham soro fisiológico e os do INEM que lá estacionaram estavam a sair de serviço e não podiam assumir a responsabilidade ... (DE TIRAR UM CISCO DO OLHO !!!!)

Disseram que eu deveria ir a um Hospital Central ou voltar ao Centro de Saúde, pois a carrinha do SIV (seja lá o que isso for) deveria estar lá estacionada a partir das 20:30).

Voltei ao Centro de Saúde a conduzir apenas com o olho direito. Já não conseguir abrir o olho esquerdo.
Não estava lá nenhuma carrinha SIV.

Na gasolineira em frente aconselharam-me a esperar, pois já os tinham visto chegar e provavelmente teriam ido tomar um cafezinho.

Eu já estava desesperada. Não era nada de grave, mas era de facto muito doloroso e incomodativo.

Estava já decidida a ir a Espanha. Eram já quase 21.00 e não havia sinais de nenhuma carrinha SIV no Centro de Saúde de Paredes de Coura.

Entrei no carro para ir a Espanha tratar do meu pobre olho (as alternativas em Portugal eram muito mais distantes.., ou Ponte de Lima , ou Braga ou Viana).

Eis que chega a carrinha do INEM (SIV) ao Centro de Saúde.

Desliguei o motor do meu carrro, corri para a carrinha SIV a tempo de ver as técnicas (médicas? enfermeiras?) a fechar o veículo.

Expliquei o que me trazia ali. Fizeram-me entrar na ambulância e durante mais 20 minutos estiveram a tentar tirar o raio da poeira que me tinha entrado no olho.
No fim disseram que já tinha saído.

Ainda não sinto alívio, mas pode ser apenas irritação ocular de tanto mexericar..
Amanhã veremos.

Enfim, nas terras do interior, como Paredes de Coura, não se pode ter um mal menor.
Ou estamos às portas da morte e podemos chamar o 112, ou então há que aguentar...


SINAIS DOS TEMPOS ?....