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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Como eu queria ser imensa...


Como eu gostaria que as minhas filhas ouvissem isto da minha boca.

Como eu gostaria de ser imensa e aliviar todos os seus problemas, e tirar todas as pedras dos seus caminhos... mas eu sou apenas uma mãe e só posso ajudar na mesma medida em que elas aceitarem essa ajuda.

Sou apenas mais uma pessoa nas suas vidas. Tenho limitações como toda a gente. Não posso estar sempre presente. Não posso dourar suas vidas.

A F continua com os problemas inerentes à sua doença. Está, a maior parte das vezes, deprimida e infeliz.

Falei hoje com a filha C via Skype. Também se sente triste e só. Nesta fase da sua pós-graduação não tem nenhum companheiro da sua geração.
Está longe de casa, em Inglaterra, e não tem companhia para os tempos livres nem para os tempos de trabalho. Todos os seus colegas de laboratório estão em outra onda. São gente mais velha, de temperamento mais frio ( como quase todos os ingleses...) e pouco comunicativos entre si.

Sua rotina é levantar-se, ir para o laboratório, almoçar sozinha, acabar o dia, via para casa, fazer jantar (pelas 18 horas, que é o horário do jantar no R.U.) e depois ficar olhando para as paredes. Já não tem vontade de ler nem de ver um filme no PC (lá ela não tem TV).
O Campus Universitário fica longe do centro da cidade e ela não se atreve a andar sozinha à noite. Também não se sente motivada a ir sozinha para um "Pub" local.
Vai dizendo que os "pub's" do Campus estão cheios de jovens que só querem beber até caírem de podres.

E eu vou ouvindo seus desabafos, tento animar, vou brincando e sugerindo alternativas e no fim, quando elas já não me estão vendo,  fico também triste e choro e desabafo a minha dor aqui.

Como eu queria ser imensa !

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