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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Tiraram-me as palavras da boca



Uma música com quase 34 anos. Foi lançada em Outubro de 1977.

Uma das minhas favoritas pelo seu poema.

Esta é uma das formas de esquecer - ou tentar esquecer - que a filhota continua mal !

Acho que ela sente muito a minha falta. 

Esteve nos últimos dias com o Pai na casa da cidade. Este fim de semana vieram ter comigo à Aldeia.

Telefono-lhe todos os dias, mas mesmo assim acho que ela exige a minha presença. 

Contou-me, com frieza,  que na passada quinta-feira voltou a cortar-se.

Porque?

Porque durante o almoço com o Pai falaram da sua preocupação com o seu corpo.

Ela engordou mais de 30 Kg em pouco tempo e não se conforma com o novo corpo que carrega. Mas no Hospital dizem que isso é secundário. Há que tratar primeiro o que a faz sentir vontade de comer todos os doces do mundo.

Pois, como ela se tem queixado da sua imagem, durante o almoço o pai abordou o assunto e, segundo ele, a conversa correu cordialmente, sem sobressaltos, tudo na boa.

Segundo ela: Sentiu-se envergonhada por estar a ser confrontada com sua impulsividade por comida. Não vai mais conseguir comer "coisas" na frente do Pai. Sente-se ainda pior quando come, pois toda a gente sabe que ela é gorda !

Mais ainda mamãe: sabe o que fiz no fim da conversa? sabe?
Fui-me cortar !

Achei cruel ela ter-me contado com toda a frieza que se cortou por causa de uma conversa (que até acho que foi bem intencionada por parte do Pai).

Eu sei que ela sofre de TPB, mas também sei que ela vai fazer 24 anos !

Durante mais de 11 anos estive sempre do seu lado tentando compreender o que lhe causava tanta angústia. Sempre defendi seus comportamentos perante familiares e estranhos. Sempre abdiquei de mim para me poder oferecer a ela.

Lembro que cheguei a estar fora do meu emprego durante mais de 1 ano seguido, apenas para poder estar próximo dela e levá-la a passear. Passeios de carro que duravam um dia inteiro. Ela chorava e eu conduzia. E enquanto conduzia ia contanto todas as histórias da minha vida, da vida dos avós, de todos os familiares, umas inventadas, outras verdadeiras, apenas para não estar calada e encher o espaço com sons, para que ela estivesse ocupada com alguma coisa, nem que fosse ouvindo...

Esses tempo negros em que ela escrevia seu diário e pintava quadros sombrios com o  seu próprio sangue já não se verificam. Mas de vez em quando, lá vem a ameaça:

" Tu tem lá cuidado... não me abandones, senão volto a fazer asneiras..."

Nunca me disse isto com estas palavras, mas é assim que eu sinto muitas das suas afirmações.  
E então lembro das inúmeras vezes em que foi de urgência para o Hospital por ter tomado doses excessivas de comprimidos.

Egoísta, egocêntrica, exigente, dependente, infeliz, desamparada, carente...

Necessito mesmo destes dias de férias sem ela ao meu lado! 

Quero afastar os meus pensamentos dela! Quero ter, pelo menos, uma semana em que sou dona da minha vida sem preocupações.

Mas isso não existe, pois não?

Mãe é mãe. Ponto Final !

Então eu vou tentando superar todas essas angústias com músicas da minha geração.

"On a hot summer night.
Would you offer your throat to the wolf with the red roses?
Will he offer me his mouth?
Yes
Will he offer me his teeth?
Yes
Wlll he offer me his jaws?
Yes
Will he offer me his hunger?
Yes
Again. Will he offer me his hunger?
Yes
And will he starve without me?
Yes
And does he love me?
Yes"

Poema lindíssimo.

Esta semana estarei na Aldeia - SOZINHA (com o cão e os meus pensamentos) !

Beijos,
Carla










1 comentário:

  1. Carla:
    Obrigada por seguir meu blog e pelas palavras de carinho. Estou em tratamento, e sei que vou encontrar o equilíbrio, o controle, assim como sua filha, tenho certeza disso.
    A gente fraqueja as vezes, isso é verdade, mas peça não desista e peça a sua filha para não desistir também.
    Beijo grande!

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