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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ausências

Olá,

Já há alguns dias que não venho a este sítio.

Este diário está a parecer mais um hebdomadário ou pior ainda.

O tempo livre não tem aparecido e, quando aparece por breves momentos, não tenho vontade de escrever.

Eu quase não acredito que não falava com a milha fila C que está em Inglaterra desde o o dia 10 deste mês!
Falei hoje. Está muito atarefada com os seus trabalhos e suas pequenas moléculas e células e genes e tudo o resto que não entendo.
Quero visitá-la. Mas diz que tem que apresentar sua tese até final de Março e vai estar muito ocupada. Ao mesmo tempo vai dizendo que se sente muito sozinha.
Vou tentar encontrar uma viagem em baratinha, mesmo que ela esteja muito ocupada para me receber. Não faz mal. Ela saberá que eu me interesso e quero estar perto.

Com a outra filhota, a F, as coisas ultimamente não têm corrido muito bem.
Encontrei novos ferimentos nos seus braços.
Perguntei porquê mas ela não quis dizer. Refere apenas que não está a conseguir.
Mas conseguir o quê? Não sabe.
O que é que a incomoda?  Do que é que não gosta?  Qual é o maior problema ou medo que ela enfrenta?
Não sabe. Apenas não está a conseguir!

Todos os dias é um enorme esforço para a fazer ir para o Hospital onde está a fazer tratamento.
Não quer ir.
Tem faltado bastante.
Hoje foi, mas pelas 10 horas da manhã telefonou-me em pranto a pedir ajuda!

Como posso ajudar se ela está num Hospital com gente especializada?
Perguntei se havia alguém com ela. Não. Isolou-se para ficar sozinha.
Aconselhei-a a sair da sala onde estava e procurar uma enfermeira ou médico ou alguém e pedir ajuda.
Não consegue pedir ajuda !!!!

Estive quase, quase, para sair do meu trabalho e ir buscá-la ao Hospital.

Por fim, lá passou uma enfermeira que a viu chorando. Levaram-na para a enfermaria onde ficou dormindo e depois teve uma consulta não programada.

Aumentaram a dose de medicação. Mas ela já avisou... amanhã só vai lá informar como correu a noite com a nova medicação. Não fica!

Não sei o que fazer !

O Hospital não me dá orientações.
Tivemos recentemente uma reunião com os seus terapeutas apenas para recolher informações do ambiente familiar e da sua infância. Não lhes compete, nem devem dar qualquer informação ou orientação complementar. O papel deles é tratarem os problemas da doente !

O meu psiquiatra está de acordo com esta política. É assim que deve ser.
A mim, apenas me diz para ser mãe. Ninguém melhor que os pais (desde que saudáveis)  saberá como agir com os filhos. Devo continuar a fazer o que acho correcto.

Mas o que é que é correcto?


Não sei. Passo os dias a pensar se estarei a fazer bem.


P.S.
Os meus pais estão a ficar cada vez mais velhos e carentes. Sofrem de várias doenças e me telefonam contando suas desventuras na esperança de que eu possa mudar alguma coisa. 
Não posso!
Não consigo evitar que meu pai fique cego e não possa mais conduzir.
Não consigo fazer com que a minha mãe pare de sofrer de doença pulmonar cronica.
Eles estão quase a fazer  80 anos.  Mas eu também tenho uma vida para gerir, e parece que eles não entendem isso.
E eu sinto-me dividida. Como conseguir estar em todas as frentes ao mesmo tempo?
Tanta gente que espera tanto de mim... e afinal... eu sou apenas mais uma no meio da confusão.

Já falei demais por hoje.

Até breve e abraços desta vossa amiga,

Carla Dias

1 comentário:

  1. Puxa Carla,

    Parece que você está no meio de um turbilhão esses dias O_o
    Segure-se firme para não desanimar.
    Você está com uma carga muito grande.
    Isso me preocupa.

    Espero que as coisas melhorem!!!

    abração

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